segunda-feira, 22 de abril de 2013

Conheça a AD de Deus Chamada da Última Hora

ADORAÇÃO - EVANGELISMO - COMUNHÃO - DISCIPULADO - MINISTÉRIO. 

*O QUE É IGREJA COM PROPÓSITOS ? Igreja com Propósitos é uma proposta de igreja saudável que prepara a equipe de liderança com uma abordagem única, baseada na Bíblia, para estabelecer, transformar e manter uma igreja equilibrada e que procura cumprir os propósitos dados por Deus para a adoração, comunhão, discipulado, ministério e evangelismo.Qual é a visão das Igrejas com Propósitos?Proporcionar um movimento em todo o mundo de igrejas saudáveis produzindo vidas dirigidas por propósitos. Queremos ver a Igreja:►Saudável e equilibrada.►Criando comunidades com vidas transformadas►Cumprindo os propósitos bíblicos.►Encorajando a salvação, o crescimento e o desenvolvimento de uns para com os outros.►Inteiramente consciente e mobilizada para cumprir o plano intencional e o mandamento para uma igreja com propósitos.►Encorajando outras igrejas em seu crescimento. Somos uma Comunidade Cristã,adorando com muita alegria ao Nosso Criador! Você e sua família são nossos convidados á participar de nossas reuniões:
SEGUNDA,QUARTA,SEXTA,SÁBADO E DOMINGO 19 HS
Rua Alfredo Lorenz,914-pq.Lígia -Ponto final do onibus Pq.do Engenho -próximo ao colégio Maria Rita

TODO PRIMEIRO E TERCEIRO SÁBADO DE CADA MÊS TEMOS VIGÍLIA

Informações ligue:11-4115-4368 fixo    ou 11-95329-8226 tim

quinta-feira, 18 de abril de 2013

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O Livro da Vida


Definições

 “LIVRO DA VIDA– Registro, mantido por Deus, dos que hão de herdar a vida eterna (Dn 12.1; Ap 13.8). Bem –aventurado o que tem o seu nome registrado neste livro, pois somente assim poderá entrar na cidade cujo arquiteto e construtor é o próprio Altíssimo.”  Claudionor Corrêa de Andrade – Dicionário Teológico – CPAD 

“LIVRO DA VIDA – Nas cidades da antiguidade os nomes dos cidadãos eram incluídos num registro até à ocasião da sua morte; depois, seus nomes eram cancelados do livro dos viventes. Essa mesma idéia aparece no AT (Ex 32.32-33; Sl 69.28; Is 4.3). A partir da idéia de as pessoas serem registradas no livro divino dos vivos (ou dos justos) surge a idéia de elas pertencerem ao reino eterno de Deus ou possuírem a vida eterna (Dn 12.1; Lc 10.20; Fp 4.3; Hb 12.23; Ap 13.8; 17.8; 20.15: 21.27). O fato de Cristo dizer que nunca apagaria o nome do vencedor do livro da vida (Ap 3.5), é a afirmação mais enfática possível de que a morte nunca nos poderá separar de Cristo e sua vida (cf. Rm 8.38-39)...” A. F. Johnson – Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã – vol.II – Ed. Vida Nova.

INTERPRETAÇÕES

Êxodo 32.32,33 – A maior parte dos teólogos não acredita que havia o conceito do Livro da Vida já nos dias de Moisés, as idéias mais comuns acerca deste texto são: O arrolamento -  registrado no primeiro capítulo do livro de Números, que determinou o número dos vivos, em Israel. Moisés temia que a ira divina viesse  a extinguir virtualmente o povo de Israel, e pensou ser melhor que ele não mais fizesse parte da lista dos cidadãos do que restar coisa alguma do povo de Israel. Metaforicamente falando – o registro da comunidade teocrática... Isso poderia significar aqueles aqueles que pertenciam à comunidade espiritual, e não apenas à comunidade física. Àqueles que estão vivos na terra  - ou seja, os vivos em contraste com os mortos. A mesma lista de referências é dada nesta e na possibilidade anterior. Os pecadores morrem cedo! Os justos têm vida longa (Sl 91.16). O livro de Deus é o conhecimento que Deus tem daqueles que viverão, e não algum livro literal com nomes escritos.  (R.N. Champlin, Ph.D – O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – vol. 1- Candeia).

 Ap 3.5 – A metáfora [sf (gr metaphorá) Ret Emprego de uma palavra em sentido diferente do próprio por analogia ou semelhança: Esta cantora é um rouxinol (a analogia está na maviosidade). – Dic. Eletrônico Michaelis).]. do livro que está diante de Deus com os nomes dos santos aparece muitas vezes (Ex 32.32; Sl 69.28: Lc 10.20: Fp 4.3; Hb 12.23: 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27). O livro da vida de Deus com os nomes dos santos assim como um registro civil contém o nome dos cidadãos vivos. A forma da promessa na nossa passagem dá certeza de salvação no Reino de Deus, quando este for estabelecido (Apocalipse – Introdução e Comentário – George Ladd – Edições Vida Nova) Champlim acerca deste texto diz:            
“ ...de modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida...” Os crentes de Sardes tinham um “grande nome” como de quem “vivia”, isto é, como quem possuía elevada vida espiritual. Mas tal fama era mentirosa, era um ludíbrio. Mas os poucos crentes, que dariam ouvidos às exigências expressas nesta carta a Sardes, teriam os seus “nomes” escritos no livro da vida.
A metáfora[1]. (Pode-se comparar essa metáfora com os trechos de Êxo. 32:32 e ss. E Sal. 69:28, onde se lê acerca do “livro de Deus” e do “livro dos vivos”). Na antiga nação de Israel, tal como em outras culturas, havia o registro dos cidadãos..... Ter o próprio nome “apagado”  equivale a perder a cidadania e seus previlégios. Era um pequeno passo, desde esse antigo costume, até à imaginação que Deus conserva um livro onde são registrados todos os nomes dos verdadeiros cidadãos dos céus. Ali os nomes podem ser escritos ou apagado, tal como em situações terrenas. Conseqüentemente, as bênçãos da “cidanania”, nos lugares celestiais, dependem do que for feito com o nome de alguém. O vidente João mostra-nos que para que o nome de alguém seja registrado ali, ficandoassim assegurada a “sua salvação” e “glorificação”, depende do queos homens façam com as advertências de Cristo e com ele mesmo. O livro de Jubileu exibe o típico ponto de vista «arminiano», ao declarar que os indivíduos que se voltam para o pecado e para a iniqüidade, podem ter seus nomes apagados do Livro da Vida, mesmo depois de terem sido ali registrados ( ver Jubileus 30:22).... O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo – Vol. 6 – NR. Champlim, PhD – Editora Candeia. 
Referências ao Livro da Vida:  Salmo 69.28; Daniel 12.1; Filipenses 4.3. Ver outros trechos: Lucas 10.20 e Hebreus 12.23.
 

O que acontece com os que morrem em Cristo?


Considerações
              A morte é uma das duas realidades incontestáveis. A primeira é a própria vida, e uma vez definida a existência de um ser criado, (sim, porque Deus é o Criador, existe, porém não morre), é lógico depreender que ele virá a fenecer.             
              Num certo sentido a morte (do grego: qa/natoj [thanatós – aparece 120 vezes no NT grego – significando: morte, separação da alma do corpo pela qual a vida na terra fica terminada], tem considerações escatológicas.             
              Da realidade da morte algumas perguntas poderiam surgir. Em uma de suas obras R. C. Sproul apresenta uma lista. [1] Vejamos:
  • Os santos do AT tinham certeza de uma vida pessoal depois da morte? R: Parece que aos judeus do período veterotestamentário era grande essa discussão. O conceito de vida após a morte no AT (indicado pela freqüente menção da palavra Sheol [2]), é um tanto vago; a morte é descrita como um lugar  além do túmulo para onde vão as pessoas boas e más. Vejamos as colocações de Jó (Jó 14.14 – mostra um momento de desesperança – Jó 19.25 – mostra-se confiante. Davi estava certo de ir até a criança morta (2 Sm 12.23), o que pode demonstrar a sua confiança na vida após a morte. A realidade da vida futura não era desconhecida entre os santos do AT.
  • Os judeus crentes do AT foram para o céu, ou havia uma “sala de espera” para eles até a morte e ressurreição de Jesus? R: A igreja Católica Romana tem a doutrina do limbo[3]. Alguns interpretam o texto de 1 Pedro 3.19 como Jesus indo pregar aos santos do AT  identificados aqui como “espíritos em prisão”, que estavam sendo mantidos cativos até que a Redenção de Cristo fosse completada. Jesus os libertou para entrarem no paraíso com ele (Ef 4.8,9)[4]. Jesus era o “primogênito dos mortos”; Ele foi primeiro ao lugar dos mortos, (seio de Abraão[5]) e conduziu os cativos levando-os para o seu futuro de glória.
  • A Bíblia nos diz como será o céu? R: Apocalipse 21 e 22. Alguns entendem estes textos são puro simbolismo. Todavia, os simbolismos apontam para algo mais sublime.
  • Se o céu é o destino último para o cristão, por que a Bíblia apresenta tão pouca descrição a seu respeito? R: céu (do grego ou)rano/j [uranós] – aparece 272 vezes no NT grego). É muito difícil discutir algo que nunca experimentamos, talvez seja por isso que a Bíblia use tantas analogias acerca do céu. A sublimidade do céu é algo que transcende a nossa capacidade de antecipar (1 Co 2.9). A Bíblia diz o que o céu não é ( ler Ap 21.4).
  • Existem graduações no céu pelas quais, como resultado de uma vida de boas obras, um cristão tem uma posição mais alta ou uma qualidade de vida melhor do que alguém que escapa por um fio no último suspiro? R: Alguns teólogos têm o entendimento que haverá essa graduação, com base em alguns textos (Lc 19.11-27; 2 Co 5.10, 1 Co 3.14,15; Dn 12.3). A diferença nos galardões ou nos graus de satisfação no céu é em geral descrita em termos de circunstâncias objetivas. Por exemplo, podemos supor que um cristão muito fiel receberá um quarto grande na casa do Pai; um crente menos fiel receberá um quarto pequeno.[6]
  • Nós nos reconheceremos uns aos outros no céu? R: Nenhuma referência bíblica afirma especificamente que nos reconheceremos uns aos outros. Mas o ensino implícito das Escrituras é tão intenso e poderoso que não creio que não haja realmente qualquer dúvida de que seremos capazes de reconhecer uns aos outros no céu.[7]
  • Quando uma pessoa morre, para onde vão seu espírito e seu corpo até a Segunda Vinda? R. Essa colocação é chamada de Estado Intermediário. Alguns defendem que a alma fica “dormindo” ou “descansando”, baseando-se em textos como: 1 Ts, 4.13; 1 Co 15.18,20; (ler e explicar cada um destes textos). Quando o texto usa a palavra “dormem” para designar a morte dos santos, usa-a como uma figura retórica, como um eufemismo. Compare os textos de Hb 3.11,18 com relação a peregrinação de Israel à Terra Prometida e Hb 4.9-11 com relação ao “descanso” que aguarda os crentes.
Ao morrermos a alma vai estar com Deus (ler Lc 23.43 – o ladrão na cruz; Lc 16.19-31 – o rico e Lázaro). Ler Apocalipse 6.9-11; Mt 17.3,4.
O corpo deve voltar ao pó – ler Eclesiastes 12.7; Gn 2.7.
  • O que acontece com as crianças que morrem antes de poderem aceitar o evangelho? R: O NT não propõe um ensinamento explícito sobre o assunto, todavia, de acordo com minha tradição teológica, creio que as crianças que morrerem ainda pequeninas são contadas entre os redimidos. (Argumentar)
Muitas dessas perguntas apresentam um elevado grau de dificuldade para obtermos a resposta. Certo é que, Deus não diz tudo o que desejamos saber, mas diz tudo o que precisamos saber.

O que é batismo de fogo em Lucas 3.16


“O QUE É BATISMO DE FOGO EM LUCAS 3.16” 
 ... ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  ARA 
... este vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  ARC 
... Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. BLH 
...ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.  TRADUÇÃO BRASILEIRA 
…Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo.  NVI 
.... él os bautizará en Espíritu Santo y fuego. REINA VALERA .
.. he will give you baptism with the Holy Spirit, and with fire: BBE 
 au)to\j u(ma=j bapti/sei e)n pneu/mati a(gi/% kai\ puri/: NESTLÉ-ALAND 27ª ED. 
Introdução          
   Quando lemos a Bíblia é necessário levarmos em consideração uma série de fatores. Para obtermos o significado real de um texto é oportuno lançar mão das regras de hermenêutica levando em conta os abismos: cultural, geográfico, lingüístico, histórico etc.
Não podemos isolar um texto de seu contexto sob pena de gerar um pretexto.    
  Um outro fator importante é diferenciar referência real de referência verbal. A primeira leva em consideração textos que estão relacionados uns com os outros; a segunda leva em consideração somente os textos onde constam determinada palavra estudada. Em um estudo usando somente as referências verbais podemos incorrer em usar um texto que, muito embora encontremos a palavra que estudamos (por exemplo – FÉ), não esteja relacionado ou não tenha o mesmo significado ou aplicação de outro. Devemos levar em conta a semântica das palavras[1].      
    Vejamos:   
          Em Marcos 16.16 o texto refere-se a que tipo de batismo? Caso seja batismo em águas, então o texto defende que essa ordenança é condição Sine Qua Non para a salvação?   
         Em João 6.53 Jesus está ensinando a antropofagia?[2] 
 Certamente que não.     
       A palavra FÉ tem significados diferentes em Hebreus 11.1; 1 Coríntios 12.9; Gl 5.22; At 6.7 
Comentários acerca do texto de Lc 3.16 e Mt 3.11 e contexto     
        O que seria então esse batismo de/com fogo? Já ouvi muita coisa acerca desse assunto. Alguns até entendem que, além do batismo no Espírito Santo o cristão teria a possibilidade de receber também o “fogo” que seria algo além da crença pentecostal de falar em línguas e a atualidade da ação dos dons espirituais. Seria algo místico ainda maior. Tal interpretação, além de gnóstica, não tem respaldo bíblico.         
Para entender o significado desse texto deveríamos observar com cuidado o contexto. O que está acontecendo? Quem falou? Para quem falou? Qual a situação histórica e teológica? Como podemos aplicar as verdades obtidas para os nossos dias? Enfim, devemos realizar a exegese do texto[3].
      Tanto em Mateus 3.4-12 Lc 3.2-17 encontramos o ministério de João o Batista cumprindo Isaías 40.3,preparando o caminho do Senhor, testemunhando acerca do ministério de Cristo. Neste contexto, encontramos as pessoas que desejavam por ele ser batizadas e também fariseus e saduceus (Mt 3.7), além de publicanos[4] e soldados (Lc 3.12,14).       
       Observamos as palavras duras de João o Batista acerca do ministério de Cristo com relação aos desobedientes (Mt 3.7-10; Lc 3.7-9); inclusive em Lucas 3.9 a palavra “fogo” está relacionada com juízo da parte de Deus. Ainda no mesmo capítulo de Lucas no versículo 17 a palavra “fogo” também se refere a juízo, condenação. O versículo 17 não está isolado do versículo 16 e nem do contexto geral do assunto tratado aqui.    
          O mesmo ocorre em Mateus 3.10 onde a palavra fogo segue o padrão de juízo e também no versículo 12 o sentido não muda. Entre esses versículos aparece o texto (v.11) onde João diz que Jesus: “...vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”. Será que nos versículos 10 e 12 a palavra fogo significaria juízo e no versículo 11 significaria alguma espécie de bênção? Não me parece provável.           
 Vale ressaltar também que existem vários tipos de batismos[5] na Bíblia e essa palavra deve ser entendida dentro do seu contexto e nem todas as ocorrências dessa palavra estão relacionadas com batismo em águas ou no Espírito Santo. Inclusive o batismo de João era diferente do batismo cristão. Comentários de outros autores acerca do texto de Lc 3.16 e Mt 3.11 e contexto 
  • A Bíblia de Estudo Plenitude no texto de Lc 3.16 remete para um comentário de Mt 3.11 como segue:
 “O batismo de João é um tipo de experiência de salvação de ser batizado no Espírito. Como o batismo de João colocava o indivíduo dentro da água, o batismo de Jesus coloca o cristão no Espírito, identificando-o como totalmente ligado ao Senhor. O fogo purifica ou destrói. Portanto, a salvação em Jesus Cristo será purificadora para os verdadeiros judeus que o aceitarem como o Messias, e destruidora para aqueles que o rejeitarem.” 
  • A Bíblia de Estudo Genebra comenta assim a questão do fogo em Lc 3.16:
 “O batismo com fogo aponta para o juízo (v.9 nota). A pá ‘para limpar sua eira’ é outro símbolo para o juízo (v. 17)...” 
  • A Bíblia de Estudo NVI assim comenta o mesmo texto:
 “...e com fogo. Aqui , o fogo está associado ao juízo (v.17).....”
  • A Bíblia de Estudo Shedd analisa o texto assim:
 “...Fogo. O contexto (17) parece exigir o sentido de prova, de  julgamento (cf Lc 12.39-53; 1 Co 3.13).”  Ainda a mesma Bíblia comenta Mt 3.11 assim: “Com o Espírito Santo e com fogo. Refere-se ao ministério espiritual de Cristo. Sua obra começou acompanhada pela energia sobrenatural do Espírito Santo, colhendo-se algum ‘trigo’ (os fiéis), e revelando-se quem seria ‘palha’ para julgamento. A doutrina do batismo no Espírito Santo não recebe luzes neste trecho, pois o assunto pertence à época posterior à ressurreição de Jesus (cf 1 Co 12.13).”    
       Alguns outros comentários sobre Lucas 3.16: “...Alguns entendem que a referência ao fogo está em aposição com Espírito,...alguns, que significa a prova,.., outros, que indica julgamento. O contexto favorece esta última idéia...”[6]  
      R. N. Champlin, Ph.D., em sua obra “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”, relaciona o texto de Lc 3.16 com o comentário de Mt 3.11, como segue: “...Há várias interpretações dessas palavras: 1. Alguns acham que aqui temos dois batismos, um do Espírito e outro de fogo, e que esse último fala de juízo, provavelmente até de inferno. Assim interpretaram Origines e outros pais da igreja...alguns bons intérpretes reputam esse batismo de fogo como algo que se refere ao juízo... FOGO COMO SÍMBOLO DO ESPÍRITO SANTO FOGO ? ( Atos 2.3). O fogo, como símbolo do Espírito Santo, fala da sua grande força  em relação às diversas maneiras de sua operação, para corrigir os defeitos da nossa natureza decaída e conduzir?nos à perfeição que deve adornar os filhos de Deus. Mais do que isto, o fogo fala da ação purificadora do Espírito Santo. O Espírito Santo é comparado ao  fogo que aquece, ilumina, espalha?se e purifica.[7] 
   Conclusão           
  Devemos tomar muito cuidado ao interpretar a Bíblia, pois muito embora o Senhor não tome em conta o tempo da ignorância (Atos 17.30), é Seu desejo que cresçamos em graça e conhecimento (2 Pe 3.18; Oséias 6.3).     
        É importante conhecer as regras de hermenêutica e, além de tudo, ter humildade para aprender do Senhor a cada dia.
 Pr. Roberto C. Cruvinel

e Judas havia morrido, e Matias, seu substituto, ainda não havia sido empossado, como Jesus poderia ter aparecido aos doze apóstolos?


Se Judas havia morrido, e Matias, seu substituto, ainda não havia sido empossado, como Jesus poderia ter aparecido aos doze apóstolos?

Texto-base:

“E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze” (1Co 15.5).

Analisando os eventos da aparição de Jesus após sua ressurreição, encontramos a informação, do apóstolo Paulo, de que Jesus apareceu aos doze apóstolos logo ao deixar a tumba. A dúvida gerada é: se Judas havia morrido e Matias ocupou seu lugar tempos depois, Jesus não deveria ter aparecido somente para onze discípulos? Por que Paulo citou doze ao escrever aos crentes de Corinto? Isso não afeta e denigre a inspiração da Bíblia e a crença na ressurreição de Jesus?

Primeiramente, “é um erro comum, não raramente feito pelos cristãos, mas também pelos não cristãos, pensar que a ressurreição de Cristo é crida pela Igreja cristã com base na inspiração da Bíblia, colocando-se, assim, em primeiro lugar, a crença na inspiração e, depois, como resultado dela, a crença na ressurreição [...] A crença na ressurreição de Cristo existia durante quase uma geração antes de serem escritos os primeiros documentos do Novo Testamento [...] Por ser esta a ordem histórica, é também a ordem lógica”. Ou seja, a ressurreição é verdadeira por si só, pelas testemunhas oculares, pelas inúmeras provas históricas e, para os cristãos da Igreja primitiva, isso não dependia do fato de a Bíblia ser inspirada ou não. As Escrituras trataram apenas de documentar esse evento.

Em segundo lugar, os opositores da Bíblia e da ressurreição de Jesus vão dizer que são poucos e contraditórios os argumentos cristãos que defendem esse acontecimento sobrenatural. Mas isso não condiz com a verdade. Devido à prolixidade do assunto, não serão debatidas, neste espaço, as provas da ressurreição, mas somente a aparição de Jesus “aos doze”.

Os cristãos não têm apenas parcos argumentos da ressurreição de Cristo, como dizem os opositores. Não são apenas dois ou três argumentos a favor, mas inúmeros. Ao longo do tempo, todas as dúvidas postas pelos críticos foram respondidas com muito requinte pelos teólogos e apologistas. Basta pesquisar em bons livros de teologia e apologética, por exemplo, que as defesas elaboradas são muitas e totalmente convincentes. A verdade é uma só, como sempre ocorre: as críticas são fundamentadas em pressupostos “viciados”. Se o crítico partir para uma análise partidária de qualquer disciplina cristã, de forma tendenciosa, prevendo um final que lhe interessa, tentando tão-somente “desmascarar” os pontos imprescindíveis da fé, sua análise não será verdadeiramente séria e, no fundo, inclinará aos seus interesses particulares.

Em terceiro lugar, a negação da ressurreição de Cristo coaduna melhor com os ideais filosóficos e materialistas dos céticos. O próprio Jesus alertou sobre o fato de que muitas pessoas preferem viver à margem da verdade ética, moral, religiosa, porque seus hábitos não são condizentes com os princípios estabelecidos por Ele e pelo evangelho (Jô 3.19-24). Todavia, isso não significa que todos os intelectuais não-cristãos são céticos quanto à ressurreição ou que não há possibilidade de admiti-la sob hipótese alguma.

Em quarto lugar, não há contradições nos relatos bíblicos das aparições de Jesus aos seus apóstolos e seguidores. A seqüência das aparições é a que segue:
 

Aparição de Jesus ressurrecto

Referências bíblicas

1) A Maria Madalena

Marcos 16.9

2) Às mulheres que retornavam datumba

Mateus 28.8-10

3) A Pedro, em Jerusalém

Lucas 24.34

4) Aos dois discípulos que iam paraEmaús

Marcos 16.12 e Lucas 24.13-32

5) Aos dez discípulos

João 20.19-25

6) Aos onze discípulos

João 20.26-29

7) Aos sete discípulos junto ao Mar da Galiléia

João 21

8) A mais de 500 pessoas

1Coríntios 15.6

9) A Tiago

1Coríntios 15.7

10) Aos onze discípulos em um monteda Galiléia

Mateus 28.16

11) No Monte das Oliveiras, em Betânia

Lucas 24.50-53

12) Ao apóstolo Paulo no caminhopara Damasco

Atos 9.3-6 e 1Coríntios 15.8


O apóstolo Paulo menciona poucas pessoas e situa Pedro em primeiro lugar. Isso, no entanto, tem uma explicação: “Paulo não deu uma lista completa, mas somente a que tinha importância para o seu propósito. Desde que apenas o testemunho de homens era considerado legal ou oficial no século 1o, é compreensível que o apóstolo não tenha listado mulheres na defesa que ele fez da ressurreição”.

Em último lugar, tanto Paulo (1Co 15.5) quanto Marcos (Mc 16.14; Jô 20.19-25) redigiram números cheios naturalmente, pois utilizavam o termo no sentido coletivo, tendo em mente o colegiado apostólico e não um número definido de pessoas. “A expressão, ‘os doze’, entretanto, era usada como termo genérico para se referir aos apóstolos originais de Cristo, designando seu ofício apostólico e não seu número exato”.

 

Afinal, o testemunho de Jesus é verdadeiro ou não?

Textos-base:

“Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro” (Jo 5.31).

“Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro” (Jo 8.14).

Diante desses dois textos que aparentam contrariedade, devemos perguntar:

• O testemunho de Jesus só pode ser validado por outro homem?

• O testemunho a respeito de si próprio é válido?

• Por que precisava de outros testemunhos?

Para responder à primeira e à terceira pergunta, temos de ser sinceros e aceitar que realmente alguém só deveria ser acreditado se pudesse provar, por testemunhas, suas reivindicações. Se alguém testemunhasse de si mesmo às autoridades rabínicas, diante de um tribunal, seu testemunho não seria considerado válido. Ora, esse não é o procedimento normal, até mesmo na sociedade contemporânea, alguém apelar para a justiça dos homens quando seu caso é julgado diante de um juiz? Isto é, de alguma forma, Jesus necessitava de algum tipo de testemunho a seu respeito para que provasse sua messianidade, por exemplo. Jesus não precisava testemunhar de si próprio que Ele era o Messias tão esperado pelos judeus, mas, para que os judeus acreditassem nele, outras pessoas deveriam dar testemunho a seu respeito. Para isso, Jesus contava com testemunhas externas. E teve essa prova em diversas ocasiões. Em resumo: seus milagres foram vistos por inúmeras pessoas. João Batista deu testemunho a seu respeito (Jo 1.7,15,19). E o próprio Deus deu testemunho de Jesus em dois episódios: no batismo e no momento da transfiguração (Mt 3.16,17; 17.5).

É relevante atentar para a história do povo hebreu. A vinda de um Messias, salvador e libertador, era um pensamento normal na cultura judaica. O povo judeu, por diversas vezes, esteve sob jugos estrangeiros: egípcios, babilônicos, persas, gregos, sírios, romanos, entre outros. Na época dos juízes, ainda que as pressões sobreviessem dos povos semitas, alguns “parentes” dos judeus, Deus levantava juízes que, na verdade, eram libertadores do domínio inimigo. Não foram poucos os anos passados em terras distantes, estranhas e em situações adversas. Por isso, o assunto sobre a vinda de um Messias enchia de esperança o povo judeu. Chegando o tempo proposto por Deus o Messias veio, porém, os judeus estavam equivocados quanto às suas atribuições.

Em João 1.41, o discípulo André disse a seu irmão Simão Pedro: “Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)”. Filipe disse a Natanael: “Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José” (Jo 1.45). Ao dialogar com Jesus, a mulher samaritana disse: “Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo” (Jo 4.25). Ao que Jesus, prontamente, respondeu: “Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo 4.26). Daí em diante, a mulher passa a testemunhar de Jesus. “Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele. E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito” (Jo 4.29,30,39).

Esses exemplos provam que as pessoas têm necessidade de testemunhar sobre Jesus. Ou seja, Ele não precisava falar de si próprio que era o Messias prometido no Antigo Testamento. Os testemunhos a respeito de Jesus procederam de pessoas simples, sinceras, e eram testemunhos verdadeiros (se bem que não de todos). A questão do “testemunho de Jesus não ser verdadeiro” deve ser entendida no sentido de que “palavras sem a necessária confirmação de santidade e poder não convencem. Os judeus, baseados nos seus preconceitos, atribuíram maldade a Jesus. E Jesus, por sua vez, defendendo suas reivindicações messiânicas, apela para a regra bíblica que exigia duas testemunhas (Nm 35.30; Dt 17.6)”.

Em suma, a resposta à segunda pergunta (O testemunho a respeito de si próprio é válido?) é afirmativa: SIM! Jesus não era somente o Messias prometido, mas também Deus encarnado. Sendo assim, apenas o testemunho humano não é pleno. Ora, Jesus falava com propriedade do que já havia experimentado na eternidade. Ao orar ao Deus Pai, disse: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17.5). Para Nicodemos, asseverou: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu” (Jo 3.13).

O texto de João 8 sugere que a discussão tinha a ver com o perdão de Jesus outorgado à mulher pecadora. Quando Jesus diz “quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”, obviamente está se referindo a algo muito maior do que ter o messianismo endossado pelos judeus. Fala de algo espiritual, místico, metafísico e, neste sentido, Ele não precisa do endosso de um ser humano. Tanto é assim que os fariseus disseram a Jesus: “Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro”. Ao que Jesus rebateu: “Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou” (Jo 8.13,14).

Pelo fato de Jesus ser o Emanuel (Deus conosco), não necessita de provas humanas. Jesus, como todo bom judeu, conhecia bem as normas e os regimentos prescritos aos judeus e, logicamente, como em outros casos muito mais complexos, não os violaria. Contudo, no caso em questão, Cristo não falava como um simples judeu, mas, sim, como o Soberano do Universo, por isso não precisava de testemunhos. Até porque, os inquiridores de Jesus não estavam aptos a testemunharem a respeito dele, e muito menos a aceitarem seu próprio testemunho.

Norman Geisler arremata: “O testemunho de Jesus não era verdadeiro: oficialmente, legalmente e para os judeus, mas era verdadeiro “factualmente, pessoalmente e em si mesmo”. Jesus tinha os testemunhos completos: das pessoas alcançadas por Ele, de, até mesmo, alguns de seus inimigos e dele próprio.

Participantes desta edição:

Jaqueline Costa Melo
Hudson Silva

Notas:

1 PIETERS, Albertus. Fatos e mistérios da fé cristã. São Paulo: Editora Vida Nova, 1979, p.114.
2 GEISLER Norman & HOWE Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1999, p 375.
3 Russel Norman Champlin Comentário de I Coríntios 15.5.. São Paulo: Editora Candeia.
4 Bíblia Vida Nova. Comentário de João 5.31. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
5 GEISLER Norman & HOWE Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1999, p. 418.

Zacarias 14.9 reforça a tese unicista contra a Trindade?


Preparado por Gilson Barbosa

Zacarias 14.9 reforça a tese unicista contra a Trindade?

“E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome”.

Monarquianismo, patripassionismo ou sabelianismo são todos conceitos que expressam o intenso desejo e objetivo, ainda nos primeiros séculos da Igreja cristã, de combater o que seus defensores chamavam de triteísmo, referência ao reconhecimento de três deuses. Na tentativa de defender o monoteísmo, alguns apologistas da Igreja primitiva acabaram abandonando a doutrina da Trindade Divina: Pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas que subsistem eternamente numa única divindade (unidade composta).

Foi Teodoto de Bizâncio (cerca de 190 a.D.) quem primeiro ensinou que Jesus era apenas um ser humano movido e impulsionado pelo Espírito Santo. Em outras palavras, para ele, Jesus não era essencialmente e substancialmente Deus ou, sequer, conjugava as duas naturezas (humana e divina) em si (união hipostática). Esse ensino é chamado de “monarquianismo dinâmico”.

Outros preferiram reconhecer a divindade de Jesus, mas o identificaram (o Filho) com o próprio Pai. Essa doutrina é conhecida, ainda hoje, como “monarquianismo modal” ou “patripassionismo”. A Enciclopédia histórico e teológica nos informa que “patripassionismo é a doutrina segundo a qual o Pai se encarnou, sendo Ele quem nasceu de uma virgem e quem sofreu e morreu na cruz”.

Sabélio, bispo de Roma (séc. 3o), promoveu avanços no sistema modal ao ensinar a respeito de um Deus “processado”. No caso de sua doutrina, Deus teria se apresentado à humanidade de três formas: como Pai (Antigo Testamento), como Filho (Novo Testamento) e como o Espírito Santo (período da graça), mas esses “três seres” não estão separados em personalidades. Didaticamente, é como se um único e mesmo ator de teatro entrasse no palco por três vezes e em cada oportunidade trocasse apenas a máscara.

Considerando esse brevíssimo panorama histórico, podemos pensar no texto de Zacarias: “Naquele dia, um será o Senhor”. No idioma hebraico, existem duas palavras para exprimir a noção de “um” ou “único”. Quando as expressões bíblicas do Antigo Testamento apresentam “um” ou “único” no sentido absoluto, fazem uso do termo yachid: “E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque...” (Gn 22.2). Note que Isaque tinha um irmão, Ismael, mas é chamado de único, devido à promessa está relacionada apenas a Abraão e Sara. Contudo, há uma unidade que chamamos de composta, expressa pelo termo hebraico echad: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Pois bem, o que os unicistas têm de considerar antes de advogarem sua doutrina a partir de Zacarias é justamente isso: o profeta faz emprego da palavra echad, unidade composta, e não de yachid, unidade absoluta.


Por que o nome de Jesus não é Emanuel?

“Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14).

O nome Jesus não é apenas um apelativo ou um designativo. Foi conferido por meio do anjo Gabriel à Maria: “Eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1.31). Sendo assim, Maria não poderia ter dado outro nome ao menino que estava para nascer. Jesus é o nome do Messias.

Quanto à essa questão, há um fator que deve ser esclarecido e considerado: os orientais são realmente diferentes em diversos aspectos vigentes na cultura ocidental, e isso ocorre também com o nome. A língua dos judeus possui alguns hebraísmos, ou seja, “certas expressões e maneiras peculiares do idioma hebreu que ocorrem em nossas traduções da Bíblia”.

Então, a intenção do escritor e profeta era manifestar que o Messias não somente seria o Deus encarnado habitando com e entre os homens, mas também que estaria realizando a vontade de Deus. A língua hebraica se vale de formas poéticas para se expressar, e isso exige, de cada estudante da Bíblia, muito cuidado, para não se confundir. Para citar um outro exemplo, em Isaías 9.6 temos a afirmação de que Jesus seria chamado “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”.

Como ser portar diante de tantos nomes? Qual deles deveria ser o nome do Messias? Na verdade, trata-se de outro hebraísmo. Note-se, também, que esses “nomes” foram anunciados por profetas, o que exprime o anseio dos judeus de presenciar e atestar a chegada do Messias. Jesus é a forma grega do hebraico Yeshua (Josué), que significa “O Senhor salva” (Js 1.1). O termo define a futura missão do Filho de Maria, que é salvar o seu povo dos seus pecados (v.21).


Alguns atributos de Deus são inerentes ao ser humano?

Podemos delinear a natureza de Deus da seguinte maneira: natural e moral; metafísico e físico; imanente e transcendente. É a bipartição de seus atributos em comunicáveis e incomunicáveis.

Logicamente, partimos do princípio de que o ser humano não tem capacidade intelectual para compreender a natureza de Deus em sua plenitude, visto que “Deus é Espírito” (Jo 4.24), podemos e conseguimos conhecer somente aquilo que a nossa mente alcança. Pois, como afirma o salmista, “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?”. Moisés também conhecia perfeitamente as nossas limitações: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém, as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos” (Dt 29.29).

Contudo, Deus “implantou” no ser humano algo de si, conforme especifica o livro do princípio “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). A pergunta é: em que consistiria essa semelhança?

Segundo o estudo teontológico, há em Deus a natureza que pode e é compartilhada com o ser humano, aquilo que chamaremos de “atributos comunicáveis”. São qualidades como o amor, a santidade, a justiça, a mansidão, a bondade, etc. É importante, porém, compreender que essas virtudes foram dadas ao ser humano de forma finita, limitada, o que equivale a dizer que ninguém, em vida, será plenamente santo, justo, bom, etc.

A nós, humanos e cristãos, resta-nos a responsabilidade de buscar cada vez mais as qualidades comunicáveis de Deus, pois, o próprio Jesus ordenou: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.48). Todavia, jamais podemos nos esquecer que caminhamos para a perfeição em Cristo: “... até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).


Os irmãos literais de Jesus eram, na verdade, seus primos?

Em Mateus 12.47, na Bíblia católica, na versão dos Monges Maredsous, o tradutor teceu o seguinte comentário, sobre os “irmãos” de Jesus, no rodapé da página: “Irmãos: na língua hebraica essa palavra pode significar também ‘parentes próximos’ ou ‘primos’, como nesse caso. Exemplo: Abraão, tio de Lot, chama-o com a designação de irmão (Gn 11.27; 13.8)”.

A palavra “irmão”, no hebraico, pode significar primo, mas, mesmo em tais casos, temos de ser cautelosos. Geralmente, quando a palavra “irmão” é empregada no sentido de parente próximo, o contexto esclarece a questão: “Os filhos de Merari: Mali, e Musi; os filhos de Mali: Eleazar e Quis. E morreu Eleazar, e não teve filhos, porém filhas; e os filhos de Quis, seus parentes, as tomaram por mulheres” (1Cr 23.21,22). Sem contar que o Novo Testamento foi escrito em grego e não em hebraico.

Não devemos nos esquecer de que quando o Novo Testamento faz referências aos irmãos de Jesus, os contextos não trazem nenhum tipo de esclarecimento adicional, como acontece no Antigo Testamento. Além disso, os escritores sabiam a diferença entre os termos “irmão” (adelphós), “primo” (anepsiós) e “parentes” (sunggenes). Mesmo Paulo, que usava muitas metáforas, sabia usar com distinção essas palavras. Tanto é que escreveu sobre os “irmãos” de Jesus sem deixar nenhuma dúvida quanto ao laço carnal entre o Senhor e seus irmãos. Vejamos:

 

1Coríntios 9.5

Português

“Não temos nós direito de levar conosco esposacrente [irmã], como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?”

Grego transliterado

“mê ouk ekhomen exousian adelphên gunaika periagein ôs kai oi loipoi apostoloi kai oi adelphoitou kuriou kai kêphas”

Septuaginta

mh ouk ecomen exousian adelfhn gunaika periagein wV kai oi loipoi

apostoloi kai oi adelfoi tou kuriou kai khfaV


 

Gálatas 1.19

Português

“Mas não vi a nenhum outro dos apóstolossenãoa Tiago, irmão do Senhor

Grego transliterado

“eteron de tôn apostolôn ouk eidon ei mê iakôbon ton adelphon tou kuriou”

Septuaginta

eteron de twn apostolwn ouk eidon ei mh iakwbon ton adelfon tou kuriou



Não havia motivo de confusão. O apóstolo empregava os termos sem problemas: “Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o primo (anepsiós) de Barnabé...” (Cl 4.10).

“Saudai a Herodião, meu parente (sungene)” (Rm 16.11).

Caso a tese católica estivesse correta, o apóstolo poderia muito bem ter usado a expressão hoi anepsiós Kyriou (primos do Senhor) e não adelphói tou Kyriou (irmãos do Senhor), até porque os irmãos de Jesus estavam vivos quando o apóstolo escreveu as duas epístolas.

Diante do exposto, a única conclusão plausível a que podemos chegar é que os “irmãos” de Jesus eram realmente seus irmãos legítimos, queremos dizer, nascidos do ventre de Maria.

Participantes desta edição:

Eliseu Camilo
Doris Stalschus
Marcos Lima
Rodolfo Santos Cunha

Referências bibliográficas:

Bíblia Apologética de Estudo Ampliada. Instituto Cristão de Pesquisas, 2005.
ELWEL, Walter A. Enciclopédia histórico e teológica da Igreja Cristã, Vol. II. São Paulo: Editora Vida Nova, 1ª ed., 1990, p. 543.
LUND, E & NELSON, C. Hermenêutica. São Paulo: Editora Vida, 1968.
GRUDEM, Wayne. Teologia sistemática.São Paulo: Edições Vida Nova, 1999.

O texto de 1Pedro 4.8 pode ser usado para justificar os pecados pelas obras?



“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados”.

Antes de mais nada, é bom deixar claro que as obras são de extrema importância para o cristão, que não pode deixar de exercê-las. As obras são importantes por, no mínimo, duas razões: 1) demonstram para as pessoas como os crentes que imitam a Cristo procedem; 2) glorificam a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).

É importante notar que as obras, em si mesmas, não são objetos de preocupação e ênfase soteriológica, até porque há pessoas que perdem a essência do que é desenvolver, segundo o padrão de Cristo e das Escrituras, as boas obras: “E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes” (Mt 23.5).

Para Deus, somente após a pessoa ingressar em seu reino celestial é que as obras que pratica passam a ter valor, não antes. Além disso, a Bíblia fala de obras mortas: “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus” (Hb 6.1). Em matéria de fé e salvação, o projeto de Deus antagoniza os ideais humanos que se baseiam em obras: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Mas, embora não sejamos salvos pelas obras, a bondade e a benignidade devem ser buscadas pelos salvos: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10), e isso, mais intensamente do que quando não éramos salvos em Cristo, porque noutro tempo éramos gentios na carne, “mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cris
to chegastes perto” (Ef 2.13b).

A expressão que causa dúvidas em 1Pedro 4.8 é a que diz que “o amor cobrirá a multidão de pecados”. Segundo interpretações indoutas, se o texto afirma claramente que há pecados que são perdoados com o envolvimento desse sentimento afetivo, então há algo nas obras que pode trazer salvação à humanidade à parte de Cristo. Sendo assim, conclui-se que uma pessoa que dispense amor à outra poderia se salvar. Mas isso não é bíblico. A salvação está em Cristo: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.11), e em sua obra vicária: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1Pe 1.18,19).

Não vamos amar o próximo por esta causa? De maneira nenhuma! O instrumento aferidor para saber se alguém é discípulo de Cristo é o amor: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.35).


Por que Jesus amaldiçoou a figueira por não produzir figos se o texto de Marcos 11.13 deixa claro que não era o tempo propício para isso?

“E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos”


Pelos relatos bíblicos, notamos que Jesus entrou no templo num dia de domingo, à tarde, e observou tudo ao seu redor. Logo depois, foi para Betânia, onde passou a noite, possivelmente na casa de Lázaro, irmão de Marta e Maria. No dia seguinte, no caminho, Jesus teve fome e foi procurar fruto em uma figueira que encontrou à beira da estrada. Não encontrando fruto, o Senhor amaldiçoou a figueira, que, Imediatamente, ficou seca. Alguns ficam consternados com essa narrativa, pois vêem nesse episódio uma atitude subjetiva e inexorável de Jesus. Afinal, por que Ele teve essa atitude? Estaria Ele irado? Estaria Ele exibindo seu poder?

O historiador Marcos (11.13) faz algumas observações interessantes. Acompanhe o relato.

Passando pela estrada, Jesus observou “de longe uma figueira que tinha folhas”, e, ao presenciar as folhas, “foi ver se nela acharia alguma coisa”. Esse detalhe é importantíssimo, visto que, “quando ocorre a primeira maturação, as folhas ainda não estão completamente formadas (Ct 2.13)”. Mas ocorreu que “chegando a ela, não achou senão folhas”. Como havia folhas se ainda não havia acontecido a maturação? O fruto deveria preceder as folhas! Notemos que se trata de uma exceção. Não avistando frutos, Jesus lança uma sentença contra a figueira: “nunca mais alguém coma fruto de ti”. Mateus 21.19 encerra dizendo que “a figueira secou imediatamente”.

Apesar de ter uma abundância de folhas, “aquela figueira, entretanto, fora um ludíbrio”. Em outras palavras, aquela figueira evidenciava ser o que não era. Mostrava ser uma coisa quando, na realidade, era outra.

Podemos extrair duas lições desse episódio. Primeira, pertencemos a Cristo para darmos frutos para Deus (Rm 7.4). Segunda, a inexistência de frutos espirituais no crente comprova que não pode permanecer no meio do povo de Deus, portanto, é desarraigado de Cristo (Jo15.2).

Já Gleason Archer observa que “pode muito bem ter acontecido que Jesus viu naquela figueira estéril que ele encontrara pelo caminho de Jerusalém, naquela segunda-feira de manhã, da semana santa, um lembrete vívido da falta de frutos em Israel, como nação de Deus. Por essa razão, usou aquela árvore como ilustração dramática de sua lição aos discípulos”.


Quem é a senhora mencionada em 2João 1,5?

“O presbítero à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais amo na verdade, e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade [...] E agora, senhora, rogo-te, não como se escrevesse um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros”.


Devido à complexidade do assunto, é importante recorrer à língua original do Novo Testamento para amenizar a dificuldade. No original grego, tanto no primeiro como no quinto versículo, a palavra “senhora” é (kuria). Entre os vários pontos de dificuldades, está a questão relacionada à derivação da palavra “igreja”, que é kuriake. A Enciclopédia explicativa de dificuldades bíblicas nos esclarece que “entre os romanos e os atenienses esta palavra significava o mesmo que (ekklesia), termo utilizado para designar uma assembléia de igreja”. Um importante Léxico Grego acrescenta que “´senhora` pode se referir ou a uma pessoa ou, mais provavelmente, a uma congregação de importância”.

Contudo, alguns não apóiam essa defesa e dizem tratar-se de uma irmã influente na igreja, ou uma senhora. Sendo assim, essa pessoa era eleita e se chamava Kyria. Ou era uma senhora e se chamava Eleita. Russel Champlin julga ser incomum alguém se dirigir à igreja com a expressão “senhora eleita”. Ele diz que o texto faz alusão a “alguma dama bem conhecida pela sua piedade, em cuja casa a igreja se reunia, ou que exercia grande influência em certas congregações da Ásia Menor, talvez como diaconisa”.

Uma das maiores questões quanto à possibilidade de essa senhora ser a Igreja é perceber na essência da carta certo elemento condizente com a expressão “filhos”. Estaria João tratando apenas com os filhos dessa senhora? Seria possível isso? Sim. Mas tais filhos também poderiam ser os membros da Igreja de Cristo. Essa incógnita se estabelece por causa da ambigüidade que permeia o texto, interpretado hoje por nós a séculos de distância de sua produção original.

Se o nome dessa senhora fosse Eleita, existiriam, então, duas irmãs com o mesmo nome, o que, ainda que não seja impossível, é incomum: “Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita. Amém” (2Jo 1.13). Se o nome fosse senhora ou Kyria, não seria adequado dogmatizar a questão, pois em 1Pedro 5.13 a Igreja é chamada de eleita: “A vossa co-eleita em Babilônia vos saúda, e meu filho Marcos”.

Se não podemos fechar de forma categórica o assunto, até porque não é tão prioritário assim, resta-nos ponderar que o objetivo da carta escrita é muito mais importante, pois é artigo de fé. De que trata a epístola?

A carta é uma exortação para se guardar das falsas doutrinas, desviando-se delas e dos que a professam. Há um alerta sério para aqueles que deixaram a sã doutrina e passaram a professar algo diferente daquilo que foi ensinado.

Referências bibliográficas:

ARCHER, Gleason. Enciclopédia de dificuldades bíblicas. São Paulo: Editora Vida, 1997.
COLEMAN, William L. Manual dos tempos e costumes bíblicos. Minas Gerais: Editora Betânia, 1991.
GINGRICH, F. Wilbur & DANKER, Frederick W. Léxico do N.T. Grego/Português. São Paulo: Edições Vida Nova, 2003.
VILA, Samuel. Enciclopédia explicativa de dificuldades bíblicas. Barcelona: Libros Clie, 1981.

Preparado por Gilson Barbosa

Participantes desta edição:

Marcelino Freitas
Eliabe Bernardo
Sandro Marcus Sá

Quem foram os ebionitas?


Os ebionitas podem ser incluídos no grupo dos judaizantes, facções dissidentes e presentes no judaísmo-cristão do século 1o, notadamente em Jerusalém. O grupo insistia em guardar a lei de Moisés como uma observância não só para si, mas para todos os que se convertessem entre os gentios. Elementos como circuncisão, guarda do sábado e vegetarianismo faziam parte da ética ebionita. Tudo indica que obtiveram esse designativo, ebionitas, do termo hebraico ebyônîm, uma referência aos “pobres”. A princípio, era um predicado honroso para os cristãos em Jerusalém. Mas, geralmente, quando se faz referência aos ebionitas como comunidade religiosa, trata-se de uma seita herética que emigrou para a região Leste do Jordão e misturou, de forma inadequada, elementos judaicos e cristãos. Passagens bíblicas, como, por exemplo, Mateus 5.3 e Lucas 4.18, eram advogadas pelo ebionismo para sustentar suas crenças, porque seus adeptos observavam um estilo de vida baseado no ascetismo.

Sobre a origem ebionita, a Enciclopédia histórico-teológica da Igreja cristã informa que “Epifânio foi o primeiro dos pais da igreja a dizer que se originaram [os ebionitas] depois da destruição do templo, em 70 d.C.”. A atribuição da fundação do grupo é conferida, pelos estudiosos, a um líder da comunidade judaica conhecido como Ebion.

No que concerne ao cânon bíblico, aderiram apenas à Tanach (Bíblia Judaica) e ao evangelho de Mateus. Pregavam que as epístolas paulinas deviam ser rechaçadas por conterem ensinos antiebionitas. Aceitavam, também, o Evangelho dos hebreus, sendo que esse livro é apócrifo. Segundo alguns pesquisadores, o Evangelho dos hebreus é uma literatura comumente empregada pelos nazarenos e pelos ebionitas. Epifânio, bispo de Constância, faz menção de um outro evangelho, o dos ebionitas.

Os ebionitas não aceitavam a cristologia ortodoxa, pois rejeitavam completamente a divindade de Cristo, colocando-o no mesmo nível dos demais profetas do Antigo Testamento. Para eles, Cristoe nada mais era do que o novo Moisés. Negavam sua preexistência, sua encarnação e seu nascimento virginal. No conceito ebionita, embora Jesus fosse o Messias, era puramente humano. Somente no batismo Jesus foi ungido como Messias, ou seja, adotado como Filho de Deus. Em sua opinião, Jesus era um judeu fiel, piedoso, profeta e mestre inigualável.
Apesar da reconhecida importância da teologia e ética judaica no contexto cristão, todavia, cristianismo e ebionismo são mutuamente excludentes. Se o cristianismo, em sua origem, não fosse delineado conforme a teologia evangélica e paulina, não basearia seus ensinos nos de Cristo: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl 5.1).


Como entender a expressão “banco”, em Lucas 19.23?

“Por que não puseste, pois, o meu dinheiro no banco, para que eu, vindo, o exigisse com os juros?”.

Os bancos surgiram da necessidade de se guardar as moedas em lugar seguro. Uma informação importante é que “os primeiros bancos reconhecidos oficialmente surgiram na Inglaterra, e a palavra bank veio da italiana banco, peça de madeira que os comerciantes de valores, oriundos da Itália e estabelecidos em Londres, usavam para operar seus negócios no mercado público londrino”.

Quando analisamos as palavras bíblicas, devemos considerar alguns fatos. Entre eles, o mais importante é observarmos a palavra no idioma original. As versões portuguesas interpretaram como “banco” o que a língua grega traz como “mesa”. No original, o termo é trápeza. As palavras “banqueiros” e “banco”, devem ser entendidas à luz do contexto sociológico da época, o que nos causa estranheza hoje, pois as instituições bancárias, na atualidade, são verdadeiros monumentos de multiforme processo financeiro.

Havia cobranças de juros, em caso de empréstimos no período veterotestamentário, aos que fossem estrangeiros (Dt 23.19,20). Contudo, nem todos os judeus consentiam no processo de empréstimo a juros na antiga nação judaica: “Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás do teu alimento por interesse” (Lv 25.37). Na verdade, os “verdadeiros bancos e negócios bancários foram estabelecidos em Israel somente após o exílio babilônico”.

Em uma de suas parábolas, Jesus narra a parábola do “tesouro escondido”, que trata de um homem que, ao encontrar um portentoso tesouro em um campo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele terreno, para depois tomar posse do tesouro (Mt 13.44).

Quem, no seu perfeito senso de responsabilidade, esconderia um tesouro, algo de inestimável valor, debaixo da terra? Devido às pilhagens, às guerras ou às incertezas políticas, os prósperos sempre procuravam ser precavidos. Os mais abastados financeiramente guardavam suas riquezas sob os cuidados de uma guarda, na “casa do tesouro” (2Rs 20.13). Os demais tinham de esconder seu tesouro em algum lugar, motivo pelo qual o homem da parábola em questão encontra o tesouro enterrado. Deve ficar entendido que havia o sistema “bancário” da época, no qual as pessoas investiam suas moedas e bens para que pudessem, mais tarde, usufruir os juros. Esse dado é importante para evidenciar a situação ainda precária do que é chamado na Bíblia de “banco” ou “banqueiros”: “Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros” (Mt 25.27; Lc 19.23; Mt 25.27).

Champlin, comentando sobre esse texto, diz que havia um “antigo costume dos cambistas efetuarem seus comércios em público, diante de uma mesa onde o dinheiro era lançado. Esses cambistas negociavam o dinheiro em troca de uma taxa, e pagavam juros aos investidores”. Portanto, nos dias de Jesus, esses cambistas é que eram considerados e chamados de “banqueiros”.


Em 2Coríntios 11.17, Paulo está contradizendo os ensinos de Jesus?

“O que digo, não o digo segundo o SENHOR, mas como por loucura, nesta confiança de gloriar-me”.

É de salutar importância que a pessoa aceite e entenda que a Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus. Se ela, porém, desqualifica a Bíblia diante de qualquer coisa, então passa a procurar e a enxergar tão-somente as “contradições” bíblicas. O diabo foi o primeiro a dizer o que Deus não disse, porque sentia ódio por Deus e por sua criatura, o homem.

O que as pessoas chamam de “contradições bíblicas” não passam de dificuldades em entender a Palavra de Deus. Contudo, essa dificuldade não é o mesmo que impossibilidade, obscuridade em compreendê-la. Há, para isso, escolas teológicas, cursos bíblicos para obreiros e leigos em geral, muitos livros de hermenêutica, conhecimento indutivo, etc. Agostinho, prontamente, disse: “Se estamos perplexos por causa de aparente contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado; mas ou o manuscrito tinha falhas, ou a tradução está errada, ou nós não entendemos o que está escrito”. É bom que se entenda que manuscrito é uma coisa e cópia original das Escrituras é outra.

Uma das coisas que aprendemos no estudo bibliológico é que a convicção e a certeza da autoridade da Bíblia provêm do estudo interno do Espírito Santo na vida da pessoa. Alguém que não tem em si o Espírito Santo (Jo 14.17) não foi regenerada (Jo 3.6). Portanto, é natural (1Co 2.14) e não tem capacidade para entender as coisas espirituais (1Co 2.14). As dificuldades são dirimidas quando há o testemunho interno do Espírito Santo em nosso coração.

O apóstolo Paulo tinha a Palavra de Deus com reverência e reconhecia que ela era singular, única: “Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes” (1Ts 2.13).

Em outro texto, Paulo reconhece que o evangelho que pregava lhe fora revelado por nosso Senhor Jesus Cristo: “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11,12).

O apóstolo Pedro, ao mencionar o cuidado que Paulo tinha com os irmãos, refere-se aos seus escritos como tendo autoridade escriturística, tanto quanto os demais livros bíblicos: “E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2Pe 3.15,16).

Quando Paulo afirma: “Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento” (1Co 7.6); ou: “O que digo, não o digo segundo o SENHOR” (2Co 11.17), não quer dizer, com essas expressões, que a Palavra de Deus está em contradição com outros textos, como, por exemplo, o de 2Timóteo 3.16, que diz: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça”.

No mínimo, entendemos que Paulo está tratando de um assunto que, segundo seu ponto de vista, não fere, em nada, a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e das Escrituras em geral. Associar 2Timóteo 3.16 com 1Coríntios 7.6 e 2Coríntios 11.17 e afirmar que isso é contradição, implica em pelo menos dois erros: associação indevida de textos e desconhecimento das regras de interpretação bíblica. Devemos tomar “cuidado com a Bíblia na boca do diabo”.

Referências bibliográficas:

Bíblia Apologética. Instituto Cristão de Pesquisas, 2005.
GEISLER, Norman & HOWE Thomas. Enciclopédia manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições da Biblia”. Editora Mundo Cristão, 1999.
ELWEL, Walter A. Enciclopédia histórico-teológica da Igreja cristã. Editora Vida Nova, 1998.
MARSHALL, I.Howard. Atos: introdução e comentário. Editora Vida Nova, 1982.
CHAMPLIN, Russel Norman. Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Candeia, 1995.
CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de teologia e filosofia. Editora Candeia, 1995.
http://www.engetecno.com.br/chourico.htm

Preparado por Gilson Barbosa

Participantes desta edição

Antônio Porto Rosa Filho
João Batista Freire
Reynaldo dos Santos